terça-feira, 8 de março de 2011

Profundidade de campo I – A teoria



Certamente a primeira epifania após a aquisição de uma DSLR é a descoberta da profundidade de campo – propriedade que permite o uso do foco seletivo, ou seja, colocar apenas o assunto em foco, deixando o fundo, por exemplo, fora de foco.
Na realidade, há apenas um plano à frente do sensor e paralelo ao mesmo, no qual os objetos estão teoricamente no foco (nas aulas de física chamamos este plano de “foco objeto real”, nas aulas de fotografia chamamos de “foco crítico” – trata-se da mesma coisa). Mas, para nossa sorte, a fotografia não á tão precisa e rigorosa quanto a óptica geométrica. Assim, há certa fatia de espaço à frente e atrás do foco na qual os objetos podem ser fotografados com satisfatória nitidez. O tamanho, ou largura, desta fatia é chamada de “profundidade de campo” (sugestivo, não?).

Quanto maior a profundidade de campo, mais extenso será o espaço em que se podem fotografar objetos com nitidez.




Os fatores que afetam a profundidade de campo são:

1) Abertura: A profundidade de campo é diretamente proporcional à abertura do diafragma, portanto, dobrando o número f, dobra a profundidade de campo.
2) Distância ao foco crítico: A profundidade de campo é diretamente proporcional ao quadrado da distância ao assunto que se encontra no foco crítico, ou seja, ao dobrar a distância em relação ao assunto em foco a profundidade aumenta 4 vezes.
3) Distância focal (Lente objetiva): A profundidade de campo é inversamente proporcional ao quadrado da distância focal. Conseqüentemente, ao passar de uma objetiva 100mm para uma 50mm a profundidade de campo aumenta 4 vezes, por exemplo.
4) Área do sensor (ou seja, a dimensão da imagem capturada): A profundidade de campo é inversamente proporcional à área do sensor (grosso modo, “tamanho do sensor”). Quanto menor o sensor, maior a profundidade de campo. Por isso é tão difícil usar foco seletivo com câmeras compactas que apresentam sensores pequenos.
5) Dimensão da imagem final: Quanto maior a ampliação naturalmente menor será a nitidez dos objetos fora do foco crítico, portanto, menor será a profundidade de campo.

Para calcular a profundidade de campo é necessário ainda definir o nível de nitidez satisfatória, conforme mencionado acima. Para isso utilizamos o parâmetro chamado de “Circulo de confusão”, que quantifica nível de detalhe expresso na fotografia e percebido por nossos olhos. Resumidamente, trata-se da área da representação gráfica de um ponto luminoso. Com a perda da nitidez o ponto luminoso passa a ser representado por um halo (círculo de confusão), ou seja, quanto maior a nitidez, menor será o círculo de confusão. Por convenção, considera-se um círculo de confusão de diâmetro igual a 0,035mm para o limite de nitidez satisfatória.

As objetivas de distância focal fixa costumavam apresentar uma escala de profundidade de campo, o que se perdeu com o advento das objetivas zoom. Por outro lado, hoje existem inúmeras tabelas de auxílio e até aplicativos para celular para o cálculo da profundidade de campo.

Portanto, não é necessário saber calcular a profundidade de campo na ponta do lápis, porém, é muito importante conhecer os fatores envolvidos e saber como controlá-los para o melhor planejamento de nossas fotos.

No próximo artigo apresentaremos algumas dicas e aspectos práticos.

Abraços e boas fotos.

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