quinta-feira, 4 de junho de 2015

Para estudar – “Trainspotting”

“Trainspotting”, “Diário de um adolescente”, “Kids” e muitos outros. A mesma história contada de formas diferentes: um anti-heroi confuso e equivocado, viciado em drogas, passando para a vida adulta. Destes, o primeiro é o mais visualmente violento e interessante.

A história e dividida claramente em duas partes: na primeira metade do filme é a adolescência – simbolizada não só pelas atitudes do protagonista, mas também por seu figurino e ambientação (notem nas roupas e quarto infantis); a segunda parte é o início da vida adulta, culminando no discurso final do protagonista.

Na primeira parte do filme, que é a mais interessante, é dominada por composições distorcidas – principalmente empregando lentes olho de peixe. Combinando com as tomadas distorcidas, temos também a escolha de uma palheta amarelada, colorida e desequilibrada. Nada mais adequado para contar a história do protagonista, Renton (Ewan McGregor).

Nessa parceria entre o diretor Danny Boyle e o cinematógrafo Brian Tufano o espectador é apresentado à várias metáforas visuais, das quais destaca-se a cena na qual Renton sofre em overdose: nessa cena, composta dor close-ups que chegam à escala da macro-fotografia, o espectador é levado para dentro da seringa e observa a heroína sendo derramada veia a dentro, como um líquido sujo que se esvai em um ralo de pia.






Abraços e boas fotos.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Filtro UV, o retorno - Desafio à oposição

Em um post anterior defendi o uso o filtro UV para proteger o elemento frontal da lente. Em contrapartida há na internet inúmeros fotógrafos de opinão contrária. Alguns defendendo o uso do para-sol para proteger a lente em lugar o filtro UV - uma idéia que qualquer um com um pingo de bom senso vai perceber que não funciona: ou preciso postar uma foto de uma grande-angular com seu minúsculo para-sol para demonstrar?

O argumento central desse pessoal de oposição é que o filtro UV é fabricado com vidro de inferior qualidade comparado com o a lente, portando afetando o desempenho da mesma.

Quero deixar claro que dou crédito a este argumento. Mas, mesmo assim, não considero essa perda significante. E mais, pior do que uma lente com filtro, é uma lente RISCADA.

Dizer que riscos na lente não aparecem nas fotos é meia-vedade. Pois, fotografando contra a luz os riscos aparecem, sim, nas fotos. Basta apontar uma lente riscada contra a fonte de luz e os riscos podem ser facilmente vistos pelo visor.

Fico impressionado pela quantidade de anúncios de lentes usadas com riscos no elemento frontal. Um rápida busca no mercado livre revela que mais da metada das lentes usadas à venda estão riscadas.

Isso acontece unica e exclusivamente por não se usar filtros para proteger a lente.

No mundo ideal, em que todos instalam um filtro UV em suas lentes antes de começar a usá-las, não haveriam lentes riscadas.

Para quem vislumbra alguma possibilidde de um dia vender suas lentes deve considerar este conselho para preservar o valor de mercado de seu equipamento.

Abraços e boas fotos

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Para estudar – "Bastardos Inglorios", cena de exposição da Operação Kino.

O Bang-bang-barra-filme-de-guerra, Bastardos Inglorios (Tarantino, 2008) reserva aos atentos expectadores uma pérola por volta de 1:04. Trata-se da cena na qual o tenente Archie Hicox (Michael Fassbender) se reúne com o General Ed Fenech (Mike Myers) para discutir os detalhes as Operação Kino. Uma cena puramente expositiva, ou seja, tem o propósito único de prover o espectador de uma explicação para que o enredo possa ser entendido.

No entanto, Tarantino inclui nessa cena vários outros elementos, como referências (e críticas) ao monopólio das produtoras americanas (judias), conteúdo histórico e até mesmo um certo diálogo com o filme O Grande Ditador (Chaplin). Tarantino é o rei das referências, dado seu monstruoso conhecimento sobre cinema.

Além disso, observamos nessa cena a cinematografia mais bem executada de todo filme. Mesmo após o estabelecimento do espaço os planos-sequência mantém tomadas abertas e com composição central, colocando ambos personagens a posição quase teatral (ou de monólogo). Esse tipo de recurso é muito incomum, pois é praticamente um dogma na escola de cinema americana, que um diálogo entre dois personagens deve ser composto por tomadas sobre os ombros, em planos fechados.



Vale a pena estudar essa cena com muita atenção, observando não só as escolhas de composição, mas também a iluminação e o enredo.

Recomendo também a leitura do artigo cujo link se encontra a seguir, para entender essa cinematografia gloriosa: http://mattscottvisuals.com/blog/2014/7/18/glouriousbasterds

Abraços e bons filmes.

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Fotografar crianças (ou não...)

Tenho um pé atrás quanto a fotografara crianças em qualquer situação (exceto as mais obvias, como festinhas infantis, reuniões de família etc).

Acredito que 10 em cada 10 fotógrafos com a alguma experiência vão concordar comigo nessa recomendação: não se fotografa crianças sem autorização dos pais. Em algumas circunstâncias inclusive esse consentimento deve ser por escrito.

Não condeno os pais, pois eu também não ficaria confortável em ter um filho meu fotografado por um estranho.

Em reuniões amistosas – o que é totalmente diferente da fotografia de rua – com o mínimo de sensibilidade pode-se identificar quem será receptivo, ou não, à ideia de ter seu filho fotografado. Na dúvida, pergunte de forma amigável no contexto de uma conversa – evite chegar de surpresa atacando um “deixa eu tirar uma foto dela?”. Muito menos agressivo é primeiro deixar que o grupo se acostume com sua presença, antes de tomar a iniciativa. Ou seja, vá se aproximando e fotografando de mansinho ao redor do grupo. Demonstre uma atitude positiva e respeitosa. Quando o grupo se acostumar com sua presença tudo será uma questão de comunicação corporal do fotógrafo e dos pais.

Caso haja alguma sombra de dúvida, mesmo após uma resposta verbal, vá por mim, passe para outra.

Faça esse favor a si mesmo e evite inconvenientes.

Abraços e boas fotos.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Para estudar - "Solaris" Versus "A Origem"

"A Origem" é um dos filmes mais intrigantes dos últimos anos. A razão para isso é possivelmente a grande quantidade de buracos na história - pelo menos na história linearmente contada na tela.
Muitos consideram a história ruim, o que eu discordo. De qualquer forma, é um filme bem feito e muito divertido, principalmente porque dá margem a várias interpretações.

No centro da discussão está basicamente a seguinte pergunta: O desfecho do filme se passa num sonho ou realidade? Caso seja um sonho, quem está sonhando?

Todos têm sua teoria particular. A minha é a seguinte: Seguindo as pistas da cinematografia... Em close-up a personagem Mal (Marion Cotillard) não leva nenhuma marca de expressão no rosto -  pelo lisa photoshop. Além disso, A imagem de seus closes é sempre achatada/flat - estilo retrato com tele. Em contrapartida, note a fala de Cobb (Leo DiCaprio):

"I can't imagine you with all your complexity, all you perfection, all your imperfection. Look at you. You are just a shade of my real wife. You're the best I can do; but I'm sorry, you are just not good enough"

Então, devido às pistas visuais listadas acima e somando o discurso de Cobb, Devendo que Mal está realmente morta NA REALIDADE, mas continua viva como uma projeção nos sonhos de Cobb.

Esse conceito de 'existência como projeção' já foi abordado pelo clássico "Solaris" de Andrei Tarkovsky, 1972. Tal diálogo certamente não ocorre ao acaso, ou por coincidência ou descuido do diretor Christopher Nolan. Considerando a lógica de Solaris, Mal seria imortal no inconsciente de Cobb, retornando em um loop infinito (inclusive paradoxalmente, como vários outros elementos do filme), mesmo se fosse morta por Cobb.

Portanto, o fato de Mal não retornar no final do filme é, para mim, evidência suficiente de que Cobb está acordado e vivendo o momento na realidade.


 Discordem à vontade!

Abraços

terça-feira, 19 de maio de 2015

Filtro Polarizador – Parte 1 de 2

Sinceramente eu não entendia bem esse tipo de filtro até que recentemente comprei um óculos escuro com lente polarizada. Só então eu pude notar o enorme efeito da polarização das lentes.
Analogamente à aquisição de um par de óculos com lente polarizada, o vendedor vai ressaltar a neutralização dos reflexos. Entretanto, no universo fotográfico esse é o efeito menos relevante. Muito mais interessante é notar como esse filtro consegue recuperar a saturação das cores, eliminando com certa eficácia a aparência lavada que a iluminação do sol pode provocar num dia de céu limpo.

Já providenciei um filtro 77mm para minhas lentes. No final de semana farei alguns testes para ilustrar o efeito do filtro.

Por hora recomendo o vídeo abaixo para melhor entendimento.


Abraços e boas fotos.

sábado, 16 de maio de 2015

Para estudar - "A vida de PI"

A Vida de PI (Ang Lee, 2012) tem uma cinematografia lindíssima.
Nota-se fotte saturação e cores brilhantes, em contraste com a dramática aventura contada. A escolha da palheta de cores guarda forte relação com a cultura indiana, já que o protagonista, PI, é indiano. De alguma forma, a cinetografia lembra o estilo Kodacrome imortalizado pelo mestre Steve McCurry.

A belíssima cinematografia rendeu ao chileno, Claudio Miranda, seu primeiro Oscar de melhor fotografia, o que gereu enorme controvércia. já que o filme é praticamente todo criado por conputação gráfica - rendendo inclusive o Oscar de melhores efeitos visuais.

Cerca o filme também a polêmica sobre a negligência de Ang Lee (das produtoras em geral) às empresas de computação gráfica, o que é contado no documentário Life after PI.



Abraços e Boas fotos.